Plano de parto
Introdução
O Plano de Parto (também denominado de Plano/ Preferências de Nascimento) é um documento que visa resumir e expressar os desejos e expectativas do casal/grávida no momento do parto, de forma a permitir uma assistência individualizada e o envolvimento dos mesmos nos cuidados prestados.
OBJETIVOS
Na elaboração deste documento devem ser desmistificados possíveis receios, de forma a tornar a experiência o mais segura e agradável possível, devendo a vontade da grávida/casal ser respeitada, desde que a mesma não seja prejudicial à saúde da mesma e/ou do bebé.
É também um momento oportuno para conversar com o casal acerca da realização de algumas manobras/técnicas obstétricas e do motivo pelas quais as mesmas podem ser essenciais para o bem-estar da mãe e do recém-nascido.
Com a realização deste documento tem-se como principal objetivo que os cuidados de saúde prestados e os procedimentos efetuados, reflitam uma vontade informada, esclarecida e livre, podendo ser alterados em qualquer momento, consoante a evolução do parto e o desejo do casal/grávida.
O que fazer
O QUE FAZER (máx. 600 caracteres)
Deve ser elaborado por volta das 32-36 semanas de gravidez, em conjunto com um profissional de Saúde que a tenha acompanhado (como o seu Obstetra, Médico Assistente ou Enfermeiro Especialista em Saúde Materna e Obstetrícia), preferencialmente no Hospital onde ocorrerá o nascimento de forma a ajustar as expectativas à prática da Instituição.
Este é um testemunho pessoal onde constam as preferências relativamente ao ambiente envolvente, à movimentação/posição durante o trabalho de parto, ingestão de alimentos, controlo da dor, bem como as atitudes a adotar imediatamente após o nascimento (clampagem tardia do cordão umbilical, contacto pele a pele, amamentação, etc.).
Saber Mais
MITOS E REALIDADE SOBRE O TRABALHO DE PARTO
Atualmente, existe muita informação disponível sobre o parto, sobretudo nas redes socias, mas nem sempre é baseada na melhor evidência científica. Para ajudar a construir expectativas realistas e seguras, esclarecemos alguns dos mitos mais comuns:
Mito 1: "A episiotomia é feita de rotina em todos os partos."
Realidade: Antigamente a episiotomia (o corte no períneo para alargar a passagem do bebé no canal de parto) era usada de forma rotineira. Hoje em dia, as diretrizes internacionais recomendam o seu uso seletivo, ou seja, apenas se for clinicamente necessária: como em casos de sofrimento fetal em que a realização da episiotomia abrevia o período expulsivo e, portanto, minimiza o sofrimento feal; ou em alguns casos de partos distócicos – isto é, partos instrumentados, partos pélvicos.
Mito 2: "Sou obrigada a ter um acesso venoso assim que entro na maternidade."
Realidade: Muitos Hospitais recomendam a colocação de um acesso venoso periférico por precaução, para facilitar uma atuação rápida em caso de emergência (hemorragia, necessidade de analgesia, administrar medicação).
A colocação de um acesso venoso é assim recomendada como boa prática preventiva, cujo objetivo é garantir segurança caso surjam complicações inesperadas.
Mito 3: "Vão acelerar o meu parto com ocitocina sem me perguntarem."
Realidade: A administração de ocitocina (para aumentar a frequência e das contrações) não é feita automaticamente. Só se utiliza em situações específicas, como trabalho de parto que está a progredir muito lentamente ou falha de dilatação adequada. A sua utilização é discutida com a grávida sempre que possível e implica a monitorização contínua da resposta uterina e fetal.
Mito 4: "Durante o parto tenho de ficar sempre deitada de costas."
Realidade: As grávidas são incentivadas a movimentar-se e a adotar a posição mais confortável durante o trabalho de parto, salvo indicação clínica em contrário, como a necessidade de monitorização cardíaca fetal contínua que apenas possa ser obtida dessa forma ou analgesia epidural que limite a mobilidade da grávida.
A liberdade de movimento pode facilitar a evolução do parto, reduzindo a sua duração.
Mito 5: "Se pedir analgesia epidural, o meu parto vai ser muito mais longo ou terminar em cesariana."
Realidade: A analgesia epidural pode prolongar ligeiramente a fase ativa do trabalho de parto, mas tem um impacto reduzido no tempo total do parto, especialmente com técnicas atuais de dose baixa, não aumentando as taxas de cesariana. É uma opção segura para o controlo da dor, permitindo uma experiência de parto menos dolorosa, devendo ser administrada mediante o pedido e a vontade da parturiente.
Mito 6: "O meu acompanhante poderá sempre cortar o cordão umbilical."
Realidade: Sempre que possível e seguro, o corte do cordão umbilical pode ser realizado pelo acompanhante ou pela própria parturiente, conforme o desejo manifestado pela grávida/casal.
No entanto, em algumas situações clínicas (como perante a necessidade de reanimação neonatal, parto gemelar, descolamento prematuro da placenta, sofrimento fetal, entre outros), a equipa de saúde poderá ter de cortar o cordão rapidamente para garantir a segurança do recém-nascido.
Mito 7: "Vou ser sujeita a muitos toques vaginais durante o parto, mesmo sem necessidade."
Realidade: A avaliação do colo do útero através do toque vaginal é um procedimento fundamental para monitorizar a progressão do trabalho de parto e é a única forma objetiva de avaliar a dilatação e a descida do bebé no canal de parto.
Contudo, deve ser feita com critério, respeitando o conforto da grávida e minimizando o número de exames. A frequência dos toques é adaptada à fase do trabalho de parto (devendo ser mais espaçada numa fase inicial e mais frequente na fase final) e ao estado clínico da mãe e do bebé. A grávida pode (e deve) ser informada antes de cada avaliação.
Mito 8: "Vão rebentar as águas de propósito sem me perguntar."
Realidade: A amniotomia (romper artificialmente a bolsa de águas) é uma intervenção que pode ser utilizada para ajudar a acelerar o trabalho de parto, em casos específicos, como progressão lenta da dilatação, necessidade de monitorização do líquido amniótico, ou necessidade de aplicar um elétrodo no couro cabeludo do bebé para uma monitorização cardíaca fetal mais precisa, em casos em que a mesma não é possível através da barriga da mãe.
A decisão de realizar uma amniotomia é sempre ponderada clinicamente e, salvo em situações de emergência, deve ser explicada e discutida previamente com a grávida, respeitando o seu consentimento informado.
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